Polícia Federal investiga envolvimento de Zé Dirceu e Antônio Palocci na Lava Jato

Ivan de Colombo

Em duas iniciativas diferentes, a Polícia Federal (PF) investiga os envolvimentos de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, e Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda, na Operação Lava Jato. No caso de Dirceu, a PF rastreia viagens que o ex-ministro fez ao exterior. As suspeitas de irregularidades caem sobre consultorias prestadas por ele a empreiteiras fora do Brasil, empreiteiras que participaram de cartel e esquema de propinas na Petrobras. Só da Engevix, uma delas, Dirceu, por meio da JD Assessoria e Consultoria, recebeu R$ 2,6 milhões entre 2008 e 2012. Parte do dinheiro entrou via empresa do lobista Milton Pascowitch, preso em maio pela Lava Jato. As informações são da Época e Estadão.

A defesa de Dirceu informou à PF em março que ele fez 108 viagens a 28 países. Ao jornal, a assessoria do ex-ministro da Casa Civil informou que o número é maior, cerca de 120, pois o passaporte não contabiliza viagens feitas a Cuba. A assessoria confirmou que as viagens foram feitas também para atender clientes como Camargo Corrêa e Engevix, ambas envolvidas naLava Jato, mas afirmou que “formalmente não há acusação feita” contra Dirceu.

Já contra Palocci a PF abriu inquérito, medida tomada por ordem do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, para apurar o envolvimento do ex-ministro da Fazenda no esquema de propinas. O inquérito corre sob sigilo para “resguardar a eficácia das diligências”, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, e tem como foco a suspeita de que Palocci pediu R$ 2 milhões ao doleiro Alberto Yousseff, delator premiado da Lava Jato, para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff à Presidência da República em 2010.

A defesa de Palocci, feita pelo criminalista José Roberto Batochio, afirmou ao jornal que o ex-ministro da Fazenda jamais solicitou dinheiro para a campanha de Dilma. Ele disse haver contradições nos depoimentos do delatores e acusa os responsáveis pela Lava Jato de não repassar informações aos advogados de defesa. “Eu quero registrar minha total estranheza. Já fiz cinco petições para ter acesso a essas investigações, de acordo com o que é estabelecido pela Súmula Vinculante 14, do Supremo Tribunal Federal. Mas eu não consigo, à defesa de Palocci não é dado acesso a qualquer tipo de informação. A imprensa sabe, mas a defesa não sabe”.

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