ESPELHO DA VIDA

Ivan de Colombo

O que dizer a uma mãe de 75 anos que acha que a velhice é o pior castigo de Deus? Que mágicas uma filha precisa fazer para arrancar um sorriso de quem já entregou os pontos e só espera à hora de “ir embora de uma vez?” Como convencer uma mãe de olhar perdido que viver vale apena?

São perguntas que fazem as pessoas, que ainda respeitam e admiram os idosos de sua família, pois é difícil encontrar uma casa onde, a velhice ainda não tenha batido à porta.

Esta se perdendo uma vivencia familiar que se considerava essencial para o Fortalecimento de Vínculos da primeira sociedade que é a FAMÍLIA, busquem em suas memórias a imagem de cartão-postal da Vovó encantadora, acolhedora,  fazendo crochê na varanda, rodeada de netos disputando o seu abraço. Cadê a vovó de olhar tranquilo, contadora de histórias e com o armário cheio de doces e biscoitos?

Por que será que o  tempo foi tão mau conosco? Que até isto estão tirando de nós, brasileiros, uma vez que diminui a cada dia o número de idosos vivendo seus dias no sossego e aconchego da família? Hoje eles estão ai, sustentando netos com a magra aposentadoria, enfrentando muitas situações de violência e desrespeito dentro e fora  de suas casas, muitas vezes se anulando, se tornando auto negligente para dar conta da educação de seus netos, permitindo ser explorada economicamente, afirmando com o seus olhar amoroso e seguro que  faz isso com amor.

Mas o difícil mesmo é quando chega à doença. A família trabalha. Todos trabalham. E a vovó onde  fica? Quem fica tomando conta de uma idosa doente?

Eis uma questão real vivida entre muitas vovós. É o exemplo de dona Mariazinha. Viúva aos 75 anos sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) a partir de então ficou com certo grau de dependência, pois não consegue mais sacar a sua aposentadoria nem tão pouco ir ao mercado, a farmácia ou tomar sua medicação sozinha. Contudo a sua memória esta perfeita lembra-se de todos os momentos vividos, de sua infância, adolescência, de sua vida adulta, como construiu a sua família e educou as suas duas filhas e seu filho. Carrega na bagagem de sua trajetória muitas histórias, fatos e lembranças felizes e momentos de muito sofrimento e desafios para da conta de suas responsabilidades, isso a fortalece, pois percebe pelo sucesso dos seus filhos que fez um bom trabalho.

Resolveu chamar os filhos e fez a seguinte proposta:

– Quero dividir meus bens em três partes iguais e doar de forma especial a minha moradia para o filho que aceitar cuidar-me, já que os anos pesam sobre o meu corpo físico…

A filha mais velha alegre falou:

–deixa comigo mamãe, eu cuido da senhora.

Passaram-se dois anos a referida filha chamou os dois irmãos e falou que estava cansada e que a sua mãe reclamava muito a ausência dos outros filhos, solicitou que nos finais de semana os irmãos a levassem para as suas casas para que ela pudesse descansar…

PARA REFLETIR

Se você fosse à cuidadora o que faria?

E se você fosse um dos irmãos qual seria sua atitude?

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