O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, acelerou para 0,85% em novembro, ante taxa de 0,66% em outubro. O principal vilão foi o item combustíveis, que subiu 5,89% esse mês. No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 atingiu a marca de dois dígitos (10,28%), o maior patamar desde 2003. As informações são do Estadão.
A inflação de dois dígitos já é realidade em seis das 11 regiões investigadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão, a inflação em Curitiba é a mais elevada, com alta de 11,88% em 12 meses. A região é seguida por Goiânia (11,28%), São Paulo (10,67%), Rio de Janeiro (10,67%), Porto Alegre (10,65%) e Fortaleza (10,53%).
Outras quatro regiões têm inflação na casa dos 9%: Recife (9,43%), Brasília (9,35%), Belém (9,18%) e Salvador (9,11%). Já a região metropolitana de Belo Horizonte é a que tem o avanço de preços menos intenso: 8,84%.
A alta de 0,85% do IPCA-15 de novembro ficou acima do esperado em relação à estimativa de 0,69% da Tendências Consultoria, o que levará a projeção da consultoria para o índice cheio deste mês a subir de 0,59% para perto de 0,75%, comentou Alessandra Ribeiro, sócia da instituição.
Segundo a economista, alguns fatores contribuíram para que o indicador divulgado hoje pelo IBGE avançasse mais do que o aguardado: alimentos in natura afetados por chuvas, elevação de etanol causada por demanda e fim de safra, influência do câmbio sobre bens comercializáveis e incremento de custos de serviços. “Nesse contexto, nossa previsão para o IPCA em 2015 deve aumentar de 9,9% para 10,4%”, destacou.
Na opinião do economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, o que mais chama a atenção na prévia de novembro é a alta difusão do indicador, de 71,8%, o que sugere que a inflação vai demorar a começar a desacelerar. “A característica desta inflação é que ela é mais de custos que de demanda, o que mostra que o problema não vai ser corrigido por meio do aumento dos juros”, disse.
Para ele, a inflação vai começar a baixar por meio do aumento do desemprego e da recessão. “Esses processos vão reduzir a demanda e o consumo e vão impor o ajuste que deveria ter sido feito”, afirmou.
Gasolina. Assim como em outubro, a gasolina pesou no bolso do brasileiro. Em novembro, o consumidor passou a pagar 4,70% a mais pelo litro do combustível, o que exerceu impacto de 0,18 ponto porcentual no IPCA-15. Já o etanol, que ficou 12,53% mais caro, teve influência de 0,11 ponto porcentual.
O aumento da gasolina nas bombas foi consequência da alta de 6% praticada nas refinarias, em vigor desde o dia 30 de setembro. Responsáveis por 35% do IPCA-15, os combustíveis fizeram o grupo Transportes ter o maior resultado do mês: uma alta de 1,45%.
Alimentação e Bebidas ficou em segundo lugar, com avanço de 1,05%, e também pressionou o resultado de novembro. Os alimentos comprados para consumo em casa subiram 1,35%, bem mais do que a alimentação fora, que ficou em 0,52%.
Os preços de vários produtos importantes na despesa das famílias tiveram alta expressiva de outubro para novembro, como: tomate (15,23%), açúcar cristal (9,61%) e refinado (7,94%), arroz (4,10%), frango inteiro (3,96%), cerveja (3,35%), óleo de soja (2,84%), frutas (2,14%), carne (1,71%) e pão francês (1,03%).