Empresários de Cascavel, na região Oeste do Paraná, participaram nesta quinta-feira (17) de uma reunião sobre a Nova Ferroeste. Em pauta, o andamento das últimas etapas antes de levar o projeto a leilão. Realizado na sede da Associação Comercial e Industrial de Cascavel (ACIC), o encontro foi presencial, com transmissão ao vivo.
O Oeste do Paraná concentra algumas das maiores empresas de alimentos do País, em especial as cooperativas de proteína animal. Hoje, apenas 2% de tudo que chega por trilhos ao Porto de Paranaguá têm origem nessa região.
“Em Cascavel estamos um pouco distantes de Paranaguá, a dificuldade logística é muito grande e esse projeto nos dá entusiasmo. A ferrovia vai atrair novos investimentos, principalmente no agronegócio, porque a região é muito rica e tem mão de obra”, afirmou Genésio Pegoraro, presidente da ACIC de Cascavel.
Proposto pelo Governo do Paraná, o projeto da Nova Ferroeste prevê a ampliação nas duas pontas da atual Ferroeste, que opera entre os municípios de Cascavel e Guarapuava. A intenção é ligar o município de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, com o Porto de Paranaguá.
Dois ramais vão partir de Cascavel até Chapecó, em Santa Catarina e Foz do Iguaçu, na fronteira com a Argentina e o Paraguai. Ao todo serão 1.567 quilômetros de trilhos que vão passar por 66 municípios nos três estados.
De acordo com o coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, que conduziu a reunião na ACIC, a execução da Nova Ferroeste será um grande indutor de desenvolvimento e de geração de empregos. “Serão mais de 300 mil novos postos em 60 anos, isso sem contar o que vai ser criado pelo ganho de produtividade das empresas com uma ferrovia moderna para chegar ao porto”, destacou.
A ACIC possui 3.620 associados, cerca de 200 empresas são do ramo alimentício e, destas, metade é ligada à indústria e ao agronegócio. É o caso da Coopavel. “Temos uma economia de R$ 480 bilhões, somos a quarta maior da federação e o agronegócio participa com R$ 180 bilhões. Precisamos de uma ferrovia eficiente, com trens que possam ter uma composição maior de carga e melhor desempenho”, disse Dilvo Grolli, diretor-presidente da Coopavel.
REDUÇÃO DE CUSTO – O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Financeira (EVTEA) apontou que a redução do custo logístico com a Nova Ferroeste pode ser de até 30%. A maior parte da carga prevista para circular pelos trilhos da nova malha ferroviária vai seguir com destino à exportação. Soja, milho e proteína animal estão no topo da lista.
Segundo o EVTEA, se a Nova Ferroeste estivesse em operação, poderia transportar atualmente 38 milhões de toneladas, deste total, 26 milhões de toneladas iriam diretamente para o porto.
“Esse é um projeto que vai garantir a segurança alimentar do Brasil e diversos outros países. Cerca de 70% do que vai transitar pela Nova Ferroeste seguirá para exportação. O mundo precisa desse alimento”, destacou Fagundes.
LEI DE AUTORIZAÇÃO – Deve entrar em votação na nas próximas semanas na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) a Lei de Autorização Ferroviária. O texto encaminhado pelo Governo do Estado cria a primeira lei ferroviária do Paraná. Serão definidos parâmetros para os pedidos de construção de ferrovias por concessão, permissão e autorização. A intenção é aproximar a iniciativa privada para que novos interessados possam construir e operar ferrovias no Paraná, em especial pelo regime de autorização.
Para Fagundes, essas mudanças permitem que o setor privado identifique as oportunidades de mercado e assuma todo o risco do empreendimento. “Temos requerimentos que ainda não foram para frente porque não temos a lei aprovada. Com essa lei, vamos ganhar agilidade e permitir o surgimento de novas oportunidades de negócio dentro do setor ferroviário”, disse.
LICENÇA AMBIENTAL – O projeto da Nova Ferroeste está em fase final do processo de licenciamento ambiental prévio. Após a realização das audiências públicas e da vistoria técnica pelo Ibama, deverá ser emitido o parecer do órgão licenciador.
LEILÃO E CONTRATO – A intenção é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil, com sede em São Paulo, em 2023. A empresa ou consórcio que vencer a concorrência será responsável pelas obras e poderá explorar a ferrovia por 99 anos. O edital tem como cláusula obrigatória o início da operação entre Cascavel e Paranaguá sete anos após a assinatura do contrato.
O valor a ser investido neste trecho da ferrovia é estimado em R$ 11,5 bilhões (sem material rodante). A ordem de execução das ligações a partir de Cascavel, com o Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Foz do Iguaçu será definida pelo empreendedor, o orçamento atual é de R$ 21,3 bilhões.