JUSTUS E CURI ESCONDERAM 72 SERVIDORES

Ivan de Colombo

SÓ PARA NÃO ESQUEER !

 

A primeira lista de funcionários da história da Assembleia Le­­­gislativa do Paraná (Alep) divulgada ao público, em 1.º de abril de 2009, estava incompleta e foi fraudada intencionalmente pelo ex-presidente da Casa Nelson Justus (DEM), pelo ex-primeiro-secretário Alexandre Curi (PMDB) e pelo ex-diretor-geral Abib Miguel, o Bibinho. O objetivo da fraude era omitir o nome de 72 servidores da Casa. Dentre eles, havia funcionários fantasmas e parentes de deputados e de membros do Poder Judiciário estadual.
 
A acusação é do Ministério Público Estadual (MP) e consta da denúncia de improbidade administrativa protocolada pelo órgão na Justiça, na última sexta-feira, contra Justus, Curi, Bibinho e outras oito pessoas envolvidas em irregularidades na Assembleia. A manipulação da relação de servidores, cuja divulgação é obrigatória pela Constituição Estadual, constitui ato de improbidade, segundo o MP.
Além de fantasmas, diz o MP na ação, Justus, Curi e Bibinho retiraram da lista os nomes de alguns parentes e de pessoas ligadas a deputados. Cintya Salles Belinati, filha do ex-deputado Antonio Belinati (PP), é uma delas. A servidora foi exonerada do cerimonial da Assembleia em 1.º de março de 2009. A readmissão ocorreu dois meses depois. Ela foi designada para trabalhar no gabinete do pai.
 
Nessas mesmas datas, Alberto Reich, ex-cunhado do deputado Plauto Miró (DEM), atual primeiro-secretário da Assembleia, foi demitido da liderança do antigo PFL (atual DEM) e readmitido para a mesma lotação. Na mesma situação estava a psicóloga Giovana Maria Silva Campos, ex-mulher do ex-diretor de Comunicação da Casa David Campos – hoje secretário de Comunicação Social da prefeitura de Curitiba. Ela foi demitida do gabinete da presidência em março e, no mês seguinte, readmitida para o mesmo local.
 
Há casos ainda de indicações políticas que foram, segundo o MP, propositalmente escondidas da lista da transparência de 2009. É o caso de Sebastião Bento dos Santos, pai do vereador de Curitiba Beto Moraes (PSDB). O padrinho político do vereador é o deputado Mauro Moraes (PSDB). Santos trabalhava no gabinete de Moraes e foi demitido pouco antes da publicação da lista, sendo recontratado novamente para trabalhar com o deputado em junho de 2009.

Juiz que mandou soltar filho de Bibinho teve irmã no Legislativo
 
Os nomes da irmã de um juiz e o da sobrinha de um desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) foram omitidos da lista de funcionários da Assembleia divulgada em abril de 2009.
Na listagem não constavam os nomes de Andreia Maria Sanson Corat (irmã do juiz Pedro Sanson Corat, da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba) e Flávia Merheb Calixto Barbosa (sobrinha do desembargador do TJ Abraham Lincoln Merheb Calixto). As duas foram demitidas do gabinete da primeira-secretaria do Legislativo em 1.º de março de 2009. Andreia foi readmitida no mesmo gabinete um mês depois, em 30 de abril. E Flávia foi recontratada, também para a primeira-secretaria, em 29 de maio. A primeira-secretaria, na época, era comandada pelo deputado Alexandre Curi.
 
Meses depois, em dezembro de 2009, o filho do ex-diretor-geral da Assembleia Abib Miguel, o Bibinho, foi beneficiado por uma decisão judicial de Pedro Corat. Bibinho é um dos denunciados pelo MP por fraudar a lista de servidores da Assembleia.
 
O empresário Eduardo Miguel Abib, filho do ex-diretor, foi preso em flagrante depois de se envolver num acidente de trânsito em Curitiba que terminou com a morte de quatro pessoas. A suspeita era que Eduardo havia furado o sinal vermelho, dirigia embriagado e em alta velocidade.
Pouco depois de um mês do acidente, Corat determinou a soltura de Eduardo. Na decisão, o juiz avaliou que os depoimentos das testemunhas eram contraditórios, não permitindo ter total certeza de que o motorista estava embriagado, em alta velocidade e que avançou o sinal. Corat desconsiderou o depoimento dos policiais que atenderam a ocorrência e que haviam relatado sentir o hálito etílico do empresário. A alegação do juiz foi a de que eles não viram o acidente acontecer.
 
Corat também considerou que o fato de Eduardo estar desnorteado, cambaleante e com vermelhidão no rosto e nos olhos pode não ter sido causado por embriaguez, mas pelo acionamento do air-bag do veículo que dirigia. A decisão de Corat foi questionada pelo MP. Mas o empresário acabou sendo libertado mesmo assim.

Fonte  Gazeta do Povo

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