CASO TAYNÁ !! MINISTÉRIO PÚBLICO DIZ QUE HÁ PROVAS DA PARTICIPAÇÃO DOS 4 ACUSADOS

Ivan de Colombo
O Ministério Público do Paraná (MP-PR), que investiga a morte da menina Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, informou, na tarde desta sexta-feira (12), que há provas da participação dos quatro acusados no crime. O órgão também adiantou que há indícios de que a jovem tenha sofrido algum tipo de violência sexual. A menina foi encontrada morta em 28 de junho, em Colombo, na região metropolitana, três dias depois de ter desaparecido.
“Existem provas contra eles [os quatro acusados que estão presos] e estamos colhendo outros indícios, que serão avaliados até a segunda-feira (15)”, disse o promotor Paulo Sérvio Markowicz de Lima, designado para acompanhar o caso. Na segunda-feira vence o prazo para o MP-PR se pronunciar sobre o caso: se oferece denúncia à Justiça contra os acusados, se arquiva o caso ou se solicita um novo prazo para mais diligências.
Acusados são submetidos a exames

Eloá Cruz, especial para a Gazeta do Povo, e Raphael Marchiori
Antes de seguirem para a sede do Gaeco, os quatro suspeitos foram submetidos a exames de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML). Três deles seguem presos na Casa de Custódia. Somente um deles, Adriano Batista, continua internado no Complexo Médico Penal, em Piraquara, por causa de uma lesão no intestino.
Os quatro presos estavam aparentemente mais magros se comparado ao dia em que foram detidos. “Eu espero que se comprove que eles foram severamente torturados”, disse o advogadoRoberto Rolim de Moura Júnior, que representa os acusados. Ele acrescentou que os exames foram satisfatórios, apesar de a maior parte dos hematomas já terem desaparecido e de alguns ferimentos terem cicatrizado.
Primeiros exames
A Sesp decidiu não divulgar os resultados dos primeiros exames de corpo de delito realizados nos suspeitos de terem estuprado e matado a jovem Tayná, 14. A informação poderia ajudar a explicar se eles sofreram ou não tortura policial.
De acordo com Edwaldo Willis de Carvalho, diretor da Casa de Custódia de Curitiba, um exame realizado no último dia 4 comprovou que os homens chegaram à unidade com lesões leves. A gravidade das lesões, porém, foi posta sob suspeita quando um dos presos acabou transferido para o Complexo Médico Penal. De acordo com a Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR, ele apresentava sangramento na região anal.
Na última quarta-feira, Carvalho havia afirmado em entrevista à Gazeta do Povo que antes do quarteto chegar à unidade um exame de corpo de delito havia sido realizado pela Secretaria de Segurança Pública. A avaliação médica teria ocorrido no último dia 1º deste mês. Desde então, a reportagem passou a pedir à pasta estadual esses resultados.
Nesta semana, o MP-PR recebeu oficialmente três laudos periciais: de necropsia, de local de morte e de DNA do sêmen encontrado na calcinha de Tayná. O promotor pediu uma série de laudos complementares para embasar a investigação. Como o caso segue sob segredo de Justiça, Lima não divulgou detalhes dos exames periciais, mas garantiu que é possível afirmar que a menina sofreu violência física e que há indícios de que tenha havido violência sexual.
“Pode ser estupro, mas pode ser violência sexual diversa da conjunção carnal. Violência houve. Os novos exames vão determinar o grau desta violência”, disse Paulo Lima.
DNA
Pela manhã, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) havia confirmado que a contraprova do DNA que analisou o sêmen encontrado na calcinha de Tayná não é compatível com o material dos quatro suspeitos. Apesar disso, o promotor acredita que este laudo não isenta os acusados de envolvimento no crime. “Há outras provas”, lembra.
Para o promotor, é preciso “analisar com cuidado” o esperma encontrado na peça íntima da menina. O material pode apontar a participação de outras pessoas, mas pode indicar simplesmente que Tayná teve relação sexual consentida com alguém antes de ter sido morta. “Não podemos extrair responsabilidade imediata do ‘dono’ do esperma. É preciso ter outras provas”, disse Lima.
Polícia Civil ouviu dono do parque e amigas de Tayná
Paralelamente, a Sesp determinou que a Polícia Civil continuasse investigando o caso e designou o delegado Guilherme Rangel para o caso. Como as investigações seguem sobre segredo de Justiça, nem a Secretaria nem a Polícia Civil deram informações sobre as diligências.
Fontes consultadas pela Gazeta do Povo, no entanto, confirmaram que o dono do parque de diversões onde os quatro acusados trabalhavam e o filho dele prestaram depoimento na noite de quinta-feira (11). Pessoas próximas de Tayná, como algumas amigas dela, também foram ouvidas.
O delegado Agenor Salgado Filho, que estava à frente da Divisão Metropolitana, e o delegado Silvan Rodney Pereira, que era titular da delegacia do Alto Maracanã, foram afastados de funções policiais até a conclusão do caso.
Acusados relatam tortura ao Gaeco
Os quatro homens presos suspeitos de envolvimento na morte de Tayna prestam depoimento na noite desta sexta-feira no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo o coordenador do órgão, promotor Leonir Batisti, o objetivo é que os acusados detalhem as supostas torturas que sofreram após terem sido detidos.
“Ontem [na quinta-feira (11)] nós já havíamos ouvido [os acusados] informalmente no local onde estão presos, mas queremos detalhar essas denúncias. As roupas que eles usavam também foram apreendidas e serão periciadas”, disse o promotor.
De acordo com os relatos, os suspeitos teriam sido agredidos em pelo menos quatro locais diferentes, sob custódia do Estado: nas delegacias do Alto Maracanã, de Campo Largo e de Araucária, além da Casa de Custódia (antigo CT 2). A tortura teria incluído surras em pau-de-arara, choques elétricos e até empalamento.
O promotor Paulo Lima ressaltou que é preciso apurar se as torturas ocorreram como forma de forçar os acusados a confessar o crime ou se foi posterior a isso; e se as agressões foram cometidas por agentes públicos ou por presidiários.
“Infelizmente, há violência sexual no ambiente prisional. Mas cabe a autoridade policial coibir essa prática. Houve tortura, mas precisamos saber em que momento ela ocorreu”, disse.
Fonte: Gazeta do Povo
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