Temer age para não perder comando do PMDB

Ivan de Colombo

 

Com a proximidade da Convenção Nacional do PMDB, prevista para março, o vice-presidente Michel Temer desembarcou ontem em Brasília para tentar negociar a pacificação da bancada da legenda na Câmara e evitar que a disputa também contamine o processo para a sua recondução à presidência da legenda. As informações são de Erich Decate e Daniel Carvalho no Estadão.

Temer ocupa o posto desde 2001 e sua recondução está ameaçada pelo PMDB do Senado. O presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), o líder Eunício Oliveira (CE) e o senador Romero Jucá (RR) pretendem apresentar um nome para presidir o partido na convenção. O vice-presidente tem defendido um entendimento na briga pela liderança da Câmara. “O Michel está acompanhando o processo. Não está interferindo diretamente”, afirmou ao Estado o deputado Osmar Terra (PMDB-RS).

Temer deve se encontrar hoje com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para discutir o assunto. A definição do líder da bancada da legenda, a maior da Câmara com 68 integrantes, deverá ocorrer em fevereiro. O vice-presidente busca o papel de apaziguador da disputa uma vez que ela envolve dois dos Estados com o maior número de convencionais: Minas Gerais e Rio de Janeiro.

‘Harmonia’. “Acho que precisamos de muita harmonia. O ano novo enseja, pelo menos no começo, essa ideia de harmonia absoluta, harmonia no País, harmonia no PMDB, nas bancadas e em todos os locais que precisamos”, disse Temer ontem em Brasília. Questionado sobre como espera que seja sua relação com a presidente Dilma Rousseff neste ano, ele disse: “harmoniosa”.

A posição de Temer neste início de ano sobre a disputa na bancada difere da que ele teve no fim do ano passado, quando se movimentou nos bastidores para substituir o então líder Leonardo Picciani (RJ) – próximo ao Palácio do Planalto e contra o impeachment – pelo deputado Leonardo Quintão (MG), ligado ao grupo favorável ao processo de impeachment. O deputado mineiro chegou a ocupar o posto por uma semana, mas foi destituído após Picciani conseguir, com ajuda do governo, maioria de assinaturas na bancada. A intervenção de Temer na briga causou desgaste com líderes do PMDB do Rio.

Próximo ao vice-presidente e principal articulador do impeachment, Cunha declarou guerra a Picciani e diz abertamente que, ao contrário da última disputa, votará na eleição do novo líder. Ele quer que o candidato seja um nome de consenso do PMDB mineiro, que tem sete representantes, número menor apenas que a bancada do Rio de Janeiro, com 11 deputados.

Já os peemedebistas fluminenses têm atuado para ajudar Picciani. Aliado do atual líder da bancada, o vereador Átila Nunes (PMDB-RJ) deve tomar posse hoje como deputado federal graças a uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Cunha havia se negado a empossar Nunes. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), nomeou o deputado federal Ezequiel Teixeira (PMB-RJ) secretário de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado, abrindo o caminho para Nunes assumir como suplente na Câmara dos Deputados.

Apesar do posicionamento de Temer pela unidade partidária, a briga pelo comando da legenda na Câmara mantém-se acirrada mesmo durante o recesso parlamentar. Até o momento, a bancada de Minas não consegue chegar a um consenso sobre quem disputará com Picciani. Quintão diz que sua candidatura é “irreversível” e Cardoso Júnior afirma que o colega “queimou a largada”.

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