O Gaeco confirmou que investiga o envolvimento de um deputado estadual no esquema de desvio de recursos da saúde pública para compra de medicamentos, apurado na Operação Panaceia. A nome não foi revelado, segundo o MP, porque as investigações ainda estão em andamento. A suspeita é de que parte do dinheiro desviado tenha sido destinado ao financiamento de campanhas eleitorais de prefeitos, vereadores e deputados.
Na terça-feira, o Gaeco de Cascavel cumpriu três mandados de busca e apreensão em Toledo, na quinta fase da operação. Os mandados foram cumpridos em uma empresa, na residência e no sítio do empresário José Edson Rinaldi, dono da Tolemed, empresa de medicamentos com sede em Toledo.
Na empresa – citada na terceira fase da Operação Panaceia, que ocorreu no município de Corbélia – e na residência foram apreendidos documentos e medicamentos com embalagens adulteradas. Já no sítio do empresário, os policiais do Gaeco encontraram medicamentos que haviam sido queimados e posteriormente enterrados. O empresário foi autuado em flagrante pelas práticas de crime ambiental e de estelionato.
O laboratório é investigado por participar de licitações supostamente fraudulentas envolvendo prefeituras da região. Segundo o delegado Thiago de Almeida, do Gaeco, parte dos medicamentos encontrados deveriam ser distribuídos gratuitamente em postos de saúde, mas vinha sendo vendidos em farmácias de Toledo com embalagens adulteradas.
A operação é um desdobramento do trabalho de investigação realizado pelo Gaeco desde julho de 2015, quando secretários municipais e empresários foram presos na região Oeste. De acordo com as investigações, um grupo de empresários, associados com os secretários municipais, superfaturaram contratos na quantidade dos produtos fornecidos. Os valores desviados eram divididos, e parte do montante era entregue a políticos.
De acordo com o delegado parte desse dinheiro teria sido repassado a pelo menos um deputado estadual. O objetivo era garantir novos contratos junto ao poder público. “A gente identificou que algumas empresas envolvidas patrocinavam sim candidaturas de prefeitos, vereadores, até mesmo deputados estaduais. Em contrapartida, eles acabavam entrando dentro da máquina pública, fechando contratos licitatórios com essas prefeituras. Há um nome de um deputado aí que supostamente está envolvido em uma dessas prefeituras. A gente está aprofundando para tentar vinculá-lo às investigações, mas não tem nada concreto que a gente possa estar dizendo no momento”, afirmou o delegado à rádio Band News.
Tempo
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano (PSDB), afirmou ontem não ter conhecimento do caso. Traiano disse que a Assembleia não deve pedir informações sobre a investigação ao Gaeco. “Se o Gaeco está investigando, vai tornar público. Não há razão para eu encaminhar qualquer iniciativa”, disse Traiano.
“Acredito que se há indícios e o Gaeco está falando vai surgir. É questão de tempo”, alegou. Se depender da cúpula da Casa, mesmo que o nome do parlamentar supostamente envolvido no esquema venha à tona, a Assembleia não deve tomar nenhuma iniciativa sobre o caso, explicou o tucano. “Se o Gaeco está investigando, a autoridade maior para comprovação de envolvimento ou não (de deputado) é de responsabilidade do Gaeco”, afirmou. “Até porque o fato de investigar não significa estar denunciado”, argumentou.
Ivan Santos,
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http://www.bemparana.com.br/noticia/429390/mp-investiga-deputado-no-caso-da-mafia-dos-remedios