Delação em xeque
- O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, convocou jornalistas às pressas na noite de ontem para anunciar a abertura de uma investigação que poderá invalidar as delações premiadas firmadas pelos donos e executivos da JBS. / folha
Revelação 1
- A reviravolta se deu pela descoberta do áudio de uma conversa entre Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Ricardo Saud, lobista da empresa. A gravação mostra que os delatores não confessaram todos os seus crimes, condição para terem benefícios penais. / estadão
Revelação 2
- O mais grave, porém, é a sugestão de que Marcelo Miller atuou pela JBS quando ainda estava no Ministério Público, na equipe de Janot. Até então, sabia-se que o ex-procurador havia deixado o cargo para atuar como advogado do frigorífico. / o globo
Implicações
- A anulação dos acordos de delação não invalida as provas levantadas a partir deles. Janot poderá usar, portanto, os depoimentos na nova denúncia que prepara contra o presidente Michel Temer. O procurador-geral, porém, fica exposto e tende a sair enfraquecido politicamente do caso. / nexo
Reação oficial
- Alvo de uma denúncia de corrupção já enterrada pela Câmara, Temer tem atacado o procurador-geral, a quem acusa de perseguição. Ontem, a defesa do presidente afirmou que o novo áudio “muda tudo” e sugeriu que Janot desista da segunda denúncia contra seu cliente. / estadão
Outras citações
- Na entrevista a jornalistas, Janot afirmou que integrantes do Supremo também são citados na conversa de Joesley e Saud. / veja
Prova involuntária
- O áudio em questão foi entregue ao Ministério Público pela JBS em 31 de agosto, como complemento da delação fechada em março. Por ora, tudo indica que os advogados queriam mostrar provas contra o senador Ciro Nogueira e revelaram a conversa de Joesley e Saud involuntariamente. / folha
Fique atento a isto —
Olimpíada na Lava Jato
Olimpíada na Lava Jato
- Policiais realizam na manhã de hoje operação para investigar suspeitas de compra de votos para eleger o Rio como sede dos Jogos 2016. Entre os alvos estão Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, e o empresário Arthur Soares Filho. / o globo
- O atleta brasileiro Eric Walther Maleson, o primeiro do País na modalidade olímpica de bobsled, denunciou ao Ministério Público Francês a existência de irregularidades na escolha do Rio para a sede da Olimpíada de 2016. Maleson, que é fundador e ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, relatou ao órgão que teria ocorrido fraude na votação dos países africanos para a escolha da cidade.
Em julho de 2009, Eric Maleson também informou às autoridades brasileiras, por meio de carta rogatória, que a delegação brasileira, composta por Carlos Nuzman e Ruy Cesar Miranda Reis, se dirigiu à Nigéria para apresentar o Rio de Janeiro aos países africanos. Posteriormente, Reis teria pago uma quantia para garantir a votação pela cidade fluminense.
Segundo informações das autoridades francesas, após análise nas contas bancárias de Papa Diack (filho do presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo, Lamine Deck), verificou-se uma transferência suspeita efetivada pela conta Matlock para conta pessoal de Diack. Esta conta foi aberta pelo empresário Arthur Cesar (O Rei Arthur) para repassar dinheiro de propina para o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
Deck teria informado ao MP Francês que teria utilizado a influência de seu pai para negociar votos na escolha da cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A transferência, feita alguns dias antes da votação, foi de US$ 2 milhões (R$ 6,2 milhões na cotação atual) a favor de Papa Diack.
Rei Arthur é sócio do Grupo Facility, que inúmeros contratos com os governos do Estado e do Município do Rio de Janeiro. Segundo o Ministério Público, Arthur Cesar auxiliava Cabral na medida em que fornecia capital e ajudava em sua lavagem. Em contrapartida, ele garantia a contratação de suas empresas para atuar nos setores de serviços da cidade do Rio de Janeiro.
Agora vai?
- Líderes partidários fecharam ontem um acordo que prevê o início da votação da reforma política na Câmara. A ideia é que os deputados aprovem hoje a cláusula de barreira, que dificulta a atuação de partidos pequenos, e o fim das coligações. / valor