Há muitos e muitos anos, em uma pequena vila na região do bairro Bacaetava, em Colombo, existiu uma história de amor que transcendeu o tempo e ainda ecoa nas linhas do destino. Nesse local encantador, viviam dois jovens apaixonados, Belinda e Vicente, provenientes de famílias italianas. Desde a infância, percorriam os parreirais em uma sinfonia de amor e amizade, cultivando uma relação que se fortaleceu ao longo dos anos.
Belinda e Vicente eram inseparáveis, compartilhando risos, sonhos e descobertas entre as videiras e os campos floridos. Essa amizade duradoura transformou-se em um amor que florescia como as próprias flores que adornavam o cenário idílico de sua juventude.
O dia do casamento chegou, e a igreja matriz estava repleta de expectativas. O noivo, Vicente, ansioso, aguardava o momento em que finalmente uniria sua vida à sua amada Belinda, que, como de costume, atrasava-se para a cerimônia. O padre recorria a Deus, os pais dos noivos e os padrinhos estavam apreensivos.
Enquanto isso, não muito distante, na curva do Morro da Cruz, uma charrete toda enfeitada deslizava suavemente pela estrada. Belinda, a radiante noiva, sorria e cantava, envolta pelo perfume do amor que se misturava às flores que desabrochavam ao seu redor.
Atrasos em casamentos eram comuns, mas naquele dia algo estava fora do comum. Preocupado, o padre decidiu enviar uma comitiva para descobrir a razão do atraso. O que deveria ser um dia de festa transformou-se em tragédia quando a carruagem, em todo seu esplendor, tombou na estrada.
O destino, por capricho ou ironia, interrompeu o casamento antes mesmo de começar. O véu branco de pura seda da noiva mais bela da região balançava ao vento como uma bandeira de felicidade, mas em um instante tudo mudou. O véu se enroscou em uma das rodas, e a carruagem tombou, ceifando a vida de Belinda.
Quando a comitiva do padre chegou ao local, deparou-se com a noiva sem vida. O noivo, ao receber a trágica notícia, dirigiu-se ao local da tragédia. Diante da sua amada desfalecida, ele a abraçou e beijou seus lábios pela última vez. Antes de dizer adeus, colocou uma aliança em seu dedo, selando um compromisso além da vida.
Há quem jure que, nesse momento solene, a moça abriu os olhos e disse um suave “sim”, despedindo-se selando seus destinos com um eterno beijo. A lenda ganhou asas, contando que mesmo além da vida, Belinda e Vicente mantiveram a promessa de amor, transcendendo as barreiras entre os mundos dos vivos e dos eternos. Ainda hoje, nos serenos dias de primavera, os moradores da vila afirmam avistar uma linda carroagem conduzindo uma noiva, enquanto a melodia da promessa eterna ecoa pelas estradas. A história vive, agora enriquecida com o toque mágico de um último “sim” e um beijo que atravessou os véus da eternidade.
(Ivan de Colombo)