Gás de cozinha vendido a R$ 70, 00 é controlado pelo tráfico

Ivan de Colombo

Moradores de várias comunidades do Rio de Janeiro e da região metropolitana são obrigados a pagar mais caro por um produto que usam todos os dias. Uma empresa se associou aos traficantes para vender botijões de gás por um preço maior do que o normal.

O que faz alguém comprar por R$ 70, um produto que custa pouco mais de R$ 40? Não, não é a inflação, é o medo.

Foi o que descobriu uma investigação da Polícia Civil, que durante quase um ano, monitorou os passos de uma empresa que vende gás de cozinha para dezenas de comunidades do Rio de Janeiro. Os investigadores descobriram que essa empresa se associou ao tráfico de drogas para controlar a venda e a distribuição nessas comunidades. Muitas delas tem UPPs.

O homem apontado como líder do bando é Carlos Eduardo Camilo. A polícia acredita que a quadrilha vendia, em média, 50 mil botijões de gás por mês e chegava a lucrar R$ 3 milhões. O lucro era dividido com traficantes.

A ligação com o tráfico fica clara em uma gravação. Segundo a polícia, Anderson de Oliveira, um dos integrantes da quadrilha, diz que está tendo problemas com a polícia e que vai avisar ao traficante Fernandinho Beira Mar, que está preso em uma penitenciária de segurança máxima.

Ao longo das investigações, mais de 70 pessoas foram presas e o cerco deixou o chefe da quadrilha aflito. Segundo a polícia, Camilo pediu a ajuda de Chiquinho Mecânico, suplente de vereador em Duque de Caxias.

Em um dos documentos da investigação, a polícia liga Áureo Lídio Moreira Ferreira, deputado federal pelo Partido Solidariedade, aos bandidos. Ele estaria colaborando com eles.

A polícia acredita que o bando dominava a venda de gás em favelas que eram controladas pela mesma facção. Cerca de 200 mil pessoas eram obrigadas a comprar o gás vendido pela quadrilha.

A polícia recolheu computadores, cadernos de contabilidade e botijões de gás na sede da distribuidora, em Duque de Caxias. A coordenadoria de Polícia Pacificadora disse que colabora com as investigações para que os bandidos sejam identificados e presos.

O deputado federal Áureo Lídio disse, em nota, que desconhece o tema e que repudia qualquer associação de seu nome com o episódio. Ele pediu rigor das autoridades na apuração dos fatos. O Hora 1 não conseguiu contato com as outras pessoas citadas na reportagem.

 

  Veja  o video

 

http://g1.globo.com/hora1/noticia/2016/03/empresa-se-associa-ao-trafico-do-rj-e-vende-botijao-de-gas-mais-caro.html

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