Na pacata cidade de Colombo, no estado do Paraná, onde lendas e contos se entrelaçam nas entrelinhas da história, uma narrativa misteriosa ecoa pelas vielas do bairro Sapopema. Ali, nas terras que outrora foram parte da área rural do município, próximo ao imponente Morro da Cruz, ergue-se um local carregado de mistério e encanto, onde os relatos se mesclam com a realidade como fumaça dançando ao vento.
O protagonista desta história é Nono Pedro Strapasson, um homem simples, filho de imigrantes italianos, que durante as noites de lua cheia, reunia seus netos ao redor da fogueira para contar histórias de arrepiar a espinha. Entre os contos de visagens e assombrações, Nono Pedro sussurrava sobre a lenda do ouro perdido, um tesouro que supostamente jazia oculto nas entranhas da floresta, guardado por forças sobrenaturais.
Muitos aventureiros, seduzidos pela promessa de riquezas além da imaginação, lançaram-se em busca desse tesouro lendário. No entanto, Nono Pedro alertava com olhos sérios: “Onde há ouro, há visagem”. E ainda tem uma onça que mora no galho da árvore. Ele próprio tinha suas histórias para contar.
Em seus anos jovens, Pedro Strapasson caminhava quilômetros até a região de Butiatumirim, não em busca de ouro, mas sim de amor. Sob a densa vegetação e o manto de mistério que cobria a mata, ele enfrentava os perigos da noite, munido apenas de coragem e de um pedaço de galho como proteção.
Em uma dessas jornadas, o destino pregar-lhe-ia uma peça inesquecível. Ao voltar para casa em plena escuridão onde até os vagalumes haviam apagado suas luzes, um susto aguardava-o nas sombras da mata. O que deveria ser a fera selvagem revelou-se um inofensivo burro, dormindo à beira do caminho ao ser tocado pela vara “vara curta” de nono Strapasson. O susto fez Pedro saltar e, por um instante, cavalgar o animal desavisado por uma curta distância de 200 metros.
Mas os verdadeiros desafios aguardavam-no nos portões que pontilhavam seu caminho de volta para casa. Três portões misteriosos guardavam o carreiro estreito, e em cada passagem, um novo susto aguardava-o: um estrondo repentino, um rangido sinistro. O medo da visagem e das onças deixava pálido o jovem apaixonado, diante de um portão desnivelado que fechava automaticamente.
No entanto, o verdadeiro tesouro que Pedro encontraria não era feito de ouro, mas sim de amor. Ao longo desses anos de travessias perigosas e encontros sobrenaturais, ele descobriu que a riqueza verdadeira reside nos laços que criamos e nos corações que tocamos.
E assim, entre o sussurro das árvores e os segredos guardados nas sombras, a história de Pedro Strapasson ecoa até os dias de hoje. Ainda que a árvore sob a qual repousa a lenda do ouro perdido permaneça inabalada, nenhum aventureiro ousou desenterrar a panela de ouro, pois talvez tenham aprendido, como Pedro aprendeu, que as maiores riquezas não se encontram sob a terra, mas sim nos corações daqueles que amamos.
Essa história ainda pode ser contada, basta fazer uma visita na Vinícola do Pedrinho Strapasson.