Pesquisa mostra que Curitiba é uma metrópole violenta
Curitiba e região metropolitana já registraram, ao menos, 277 homicídios em janeiro e fevereiro deste ano, o que representa um aumento de 18,4% quando comparado com o mesmo período de 2008. O levantamento foi feito pela reportagem a partir dos crimes noticiados no Paraná-Online nos dois primeiros meses de 2009.
A maioria dos casos de homicídio, novamente, está relacionada ao consumo e ao tráfico de drogas, conforme comprovam as declarações de policiais que atendem as ocorrências e também de familiares e amigos das vítimas registrados nas reportagens. É o caso de Luiz Manoel do Nascimento, de 18 anos, assassinado no primeiro dia do ano no município de São José dos Pinhais.“Não escondo de ninguém. Ele era bandido e não prestava. Estava em liberdade condicional e teve o que sempre procurou”, declarou na ocasião o pai do jovem, Manoel Nascimento.
De um ano para cá, o crime migrou da capital para municípios da região metropolitana: enquanto em 2008 foram registrados 139 homicídios em Curitiba e 95 na RMC, neste ano a capital já teve 135 mortes enquanto na RMC esse número saltou para 142, um aumento de 49,5% em relação ao ano passado.
São José dos Pinhais é o município que lidera a estatística, com 34 mortes, seguido por Almirante Tamandaré, com 21, e por Colombo, com 20. Na sequência aparecem Fazenda Rio Grande, com 13 homicídios, e Araucária com 12.Em Curitiba, os bairros mais violentos foram, respectivamente, CIC, Boqueirão, Uberaba, Sítio Cercado e Fazendinha (ver no mapa ao lado as informações completas). Assasinatos com arma de fogo lideram a causa da morte, seguido por casos de homicídios com golpes de faca.
Na comparação entre os dois primeiros meses dos anos de 2008 e 2009, o crescimento de 18,4% se torna mais significativo se for levado em conta que a taxa de crescimento da população na RMC tem sido de menos de 3% ao longo dos anos 2000, segundo a Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa) do governo federal.
Mapa da violência
Dos 200 municípios brasileiros com maiores taxas de homicídio na população total, Curitiba aparecia em sétimo lugar pelo Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros divulgado no início do ano passado pela Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla).
Um novo mapa deve ser divulgado no início de 2010. Para este ano, está prevista uma nova edição do estudo Mapa da Violência: os jovens do Brasil, publicado desde 1998, com dados dos estados, capitais e regiões metropolitanas. No entanto, não há previsão de divulgação, já que o Ministério da Saúde ainda não liberou as bases de dados para iniciar o processamento.
Secretaria Municipal Antidrogas trabalha para diminuir número de homicídios na capitalNo trabalho para reduzir o tráfico de drogas em Curitiba, uma das principais causas de assassinatos na cidade, a Secretaria Municipal Antidrogas está com 180 denúncias de tráfico em investigação, que chegam pela Rede de Colaboração Curitibana e Metropolitana.
A concentração das denúncias está na área central, nos arredores do Passeio Público e em ruas como Treze de Maio, Visconde de Nacar, Alameda Cabral e Cândido de Abreu, além das praças Osório e Rui Barbosa. Outro ponto de concentração de denúncias está nas avenidas Comendador Franco (Avenida das Torres) e Guabirotuba.
A Secretaria Antidrogas informou que está na fase final do mapeamento dos crimes de Curitiba, feito pelo sistema chamado de Rede Salomão, para intensificar ações nessas regiões.A partir das denúncias, a Antidrogas pretende encaminhar as informações ao Ministério Público do Estado (MPE), que deve responder ao cidadão que fez a denúncia, que pode ser feita anonimamente.
Para o secretário Antidrogas, Fernando Francischini, esta característica é uma perspectiva nova de combate ao narcotráfico. “É começar a ver o crime organizado como uma forma de capitalismo, que tem hierarquia e até burocracia. Com inteligência, o combate é bem mais eficaz”, afirma.
Atuando na prevenção das drogas, o carro-chefe da Antidrogas é o programa Bola Cheia, com a prática de esportes nas noites de sexta-feira e sábado, das 21h à 1h, nas nove regionais da cidade.Em seis meses de funcionamento do programa, a queda nas ocorrências de perturbação do sossego nos finais de semana, segundo dados da Guarda Municipal, foi de 60%. Até agora, 16 mil jovens participaram das ações do bola cheia. São 621 crianças participando efetivamente do Bola Cheia, das quais 25% são do sexo feminino.
Denúncias
Para efetivar a denúncia, entre as principais informações necessárias à Antidrogas está o nome e o número da rua em que ocorre movimentação suspeita e, se possível, o código de endereçamento postal (CEP) do local.Uma das principais dificuldades que o setor de inteligência enfrenta é trabalhar com informações imprecisas, que consome tempo da equipe de investigação. Segundo a Antidrogas, o tempo médio para efetivar uma ação em parceria com a polícia, após o recebimento de uma denúncia da comunidade, é de uma semana.
As denúncias podem ser feitas pelo site da secretaria, por meio do link http://www.antidrogas/. curitiba.pr.gov.br/denuncie.