QUEM VOTA NA GENTE SABE QUE NOMEAMOS PARENTES

Marcello Richa, filho do governador do Paraná, assumiu secretaria na prefeitura de Curitiba.
Luciana Cristo, iG Paraná
20/05/2011 16:52
 “ Agora em 2010, todos aqueles que confiaram o voto ao governador Beto Richa tinham clara consciência de que tanto minha mãe como meu tio Pepe fariam parte da administração”
A nomeação de Marcello Richa – filho do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) – como secretário do Esporte, Lazer e Juventude de Curitiba foi um dos assuntos mais comentados nos últimos meses na política do Paraná.
O cargo dado a Marcello provocou uma enorme polêmica no Estado. Os adversários de seu pai criticaram a falta de experiência de Marcello – com 25 anos, ele assume o seu primeiro cargo público, depois de ter sido presidente do PSDB jovem de Curitiba e do Paraná -, seu pouco envolvimento com a área de esportes e o fato de a prefeitura ser comandada por Luciano Ducci (PSB) – que foi vice do pai de Marcello enquanto ele foi prefeito de Curitba.
Além disso, sua nomeação também marca a chegada da terceira geração Richa à administração pública – o avô de Marcello foi o ex-governador José Richa – e consolida a presença da família na administração da capital e do Estado.
No governo estadual, sua mãe, Fernanda Richa, e seu tio, José Richa Filho (conhecido como Pepe) foram nomeados por seu pai para secretarias de peso. E com grandes poderes, já que Fernanda está a frente da Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social, que agregou as antigas pastas da Criança e da Juventude e da Ação Social. Com Pepe, a história é parecida: sua Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística corresponde às anteriores secretarias de Obras e de Transportes.
Em conversa com a reportagem do iG, Marcello Richa, que é estudante de direito, respondeu às críticas feitas à sua nomeação na prefeitura de Curitiba. Segundo ele, quem vota na família Richa sabe que ela emprega parentes. “Agora em 2010, todos aqueles que confiaram o voto ao governador Beto Richa tinham clara consciência de que tanto minha mãe como meu tio Pepe fariam parte da administração, porque desde 2004 estavam juntos”, diz ele. “A meritocracia sempre esteve presente na gestão Richa, com os contratos de gestão, que demonstra que aquele secretário que não corresponde às metas estabelecidas pode sair da equipe. Tanto meu tio quanto minha mãe têm seguido esses requisitos”, conclui ele.

Entrevista IG
iG – Como aconteceu esse convite do prefeito para você assumir a Secretaria do Esporte?

Marcello Richa – O prefeito acompanha de perto o trabalho da juventude do PSDB desde 2003, 2004, na eleição em que ele viria a se eleger vice-prefeito, e sempre foi muito próximo da gente. Sempre foi um trabalho que as lideranças acompanhavam, da mesma forma que o Luciano (Ducci). Visitei quase 300 cidades do nosso Estado na campanha do ano passado e, com um trabalho com a juventude já consolidado, o prefeito me procurou e disse que ele tinha a intenção de aumentar esse diálogo com a juventude de forma institucional e que pensou no meu nome para essa nova função. O prefeito teve essa tranquilidade de acompanhar nosso trabalho e ter esse reconhecimento oferecendo a pasta.

Você se acha preparado para o cargo que ocupa?

Desde o início, quando eu me propus a trabalhar nessa área, eu já sabia que as críticas viriam. Isso a cada dia me motiva mais para fazer o meu trabalho. É natural. A partir do momento que os resultados começarem a aparecer, a população vai transformar essas críticas em reconhecimento, então eu transformo essas críticas em estímulo para me dedicar cada vez mais ao meu trabalho.
Tenho a tranquilidade em saber que conheço muito bem as necessidades dos jovens e que tenho condições de gerir essa pasta. Com relação ao esporte, eu acho que tudo passa por uma questão de gestão. Temos exemplos claros, como o José Serra, que foi um dos maiores ministros de Saúde que o Brasil já teve, reconhecido mundialmente pelo programa de combate à Aids e diversos outros, e José Serra não tem formação na área da saúde. São áreas que necessitam de gestão. Uma gestão moderna, comprometida. E eu tenho condições de fazer uma grande gestão nesta secretaria, que caminha a passos largos e é bem vista pela população.

“ A meritocracia sempre esteve presente na gestão Richa, com os contratos de gestão, que demonstra que aquele secretário que não corresponde às metas estabelecidas pode sair da equipe. Tanto meu tio quanto minha mãe têm seguido esses requisitos”
As críticas também se dirigem aos cargos ocupados por sua mãe Fernanda e seu tio Pepe no governo estadual.

Você considera normal a participação deles na gestão Beto Richa?

Não, não acho normal. Acredito que tudo tem que se basear na meritocracia. Tanto minha mãe quanto meu tio Pepe sempre estiveram presentes na administração pública. Meu tio, inclusive, antes do meu pai pensar em ser político, já trabalhava na administração pública.
A meritocracia sempre esteve presente na gestão Richa, com os contratos de gestão, que demonstra que aquele secretário que não corresponde às metas estabelecidas pode sair da equipe. Tanto meu tio quanto minha mãe têm seguido esses requisitos. Por exemplo, o trabalho desenvolvido por minha mãe a frente da Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba foi copiado em outros lugares. Inclusive, quando meu pai foi classificado como o melhor prefeito do Brasil, eles também se destacaram como melhores gestores.
Inclusive agora em 2010, todos aqueles que confiaram o voto ao governador Beto Richa tinham clara consciência de que tanto minha mãe como meu tio Pepe fariam parte da administração, porque desde 2004 estavam juntos.

Com o pai governador e a mãe secretária de Estado, como é o apoio dentro de casa?

Sempre tive vontade de ter esse envolvimento com a política. Nunca vou esquecer de quando cheguei com a minha ficha de filiação ao PSDB para o meu pai, todo orgulhoso, e ele se mostrou contra, demonstrando as dificuldades de você ser homem público, o fardo que é muito grande, a ausência dentro de casa.
Ele sempre colocava, não o veto, mas a sua posição contrária e eu sempre encarei isso de forma muito positiva. Agora, quando recebi o convite para ser secretário, mais uma vez ele se mostrou contra. Os motivos pelos quais ele se mostrava contrário à minha inserção na política eram os mesmos argumentos que meu avô, José Richa, utilizava para ele. Disse a ele que eu sentia que estava preparado para isso e para colocar nossos projetos em execução e ele entendeu, disse que me apoiaria, apesar de não achar que fosse a melhor opção.

A partir da Secretaria do Esporte, até onde você pensa em chegar?
Eu não penso em grandes voos, sou muito pé no chão. Sempre vou estar presente dentro do partido e hoje minha grande perspectiva é fazer com que a secretaria funcione de fato. Não tenho grandes planos para o futuro a não ser fazer uma gestão competente e próxima das pessoas.

Quem você admira no meio político?

A maior figura é, com toda a certeza, o meu avô. Toda a minha vontade de trabalhar com política veio daí, pelo prestígio que ele tinha, até se tornar um grande ícone da política brasileira. À medida que fui crescendo acabei entendendo a importância significativa que ele teve. Sem dúvida nenhuma é o meu grande ídolo. Claro que meu pai também.
“ Nunca vou esquecer de quando cheguei com a minha ficha de filiação ao PSDB para o meu pai, todo orgulhoso, e ele se mostrou contra, demonstrando as dificuldades de você ser homem público, o fardo que é muito grande, a ausência dentro de casa”

Como você começou a se envolver com política?

A gente começou em 2002 a movimentar a juventude de Curitiba, com um projeto de incentivo ao primeiro voto, com jovens de 16 e 17 anos. O trabalho foi ganhando corpo e pouco depois eu entrei para a presidência do PSDB jovem de Curitiba. Na época, não tinha estrutura. Convidei alguns amigos e montamos, estruturamos o PSDB jovem de Curitiba e daí começamos com o trabalho voltado para toda a juventude, dos 15 aos 29 anos, transformando em proposta os anseios desses eleitores.
A própria direção do PSDB começou a olhar com diferente olhar para esse trabalho da juventude dentro do partido. Agora, continuo como presidente estadual do partido jovem e mesmo depois da minha saída vou continuar como militante dentro do projeto de levar formação política para todo o Estado do Paraná, para que a gente possa atuar de forma muito objetiva e aumentar o número de candidatos jovens em 2012. Um mês atrás, começamos este projeto em Ponta Grossa e em Maringá. Vamos continuar viajando pelo Estado nos finais de semana para que no início de 2012 a gente tenha um outro formato para a preparação, de fato, de candidatos jovens para o pleito de 2012.

Você pensa em se candidatar em 2012?
Não tenho pretensão de ser candidato em 2012. Estou nesse novo desafio como secretário e isso toma toda a minha atenção, toda a minha dedicação. Não seria nem coerente da minha parte pensar em sair candidato a vereador já em 2012.

Quais as suas metas dentro da Secretaria do Esporte?

Vamos trabalhar de uma forma que a gente possa tornar possível o acesso ao esporte a todos, utilizando o esporte como uma ferramenta de inclusão social. Com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil, vamos investir na formação de atletas, inclusive com o apoio de esportistas reconhecidos mundialmente como estímulo aos jovens.
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