Mas no desespero, o candidato Ratinho Jr chega ao ponto de ameaçar de forma aveludada a Presidenta Dilma a não vir a Curitiba sob o risco de perder apoio da base de seu partido, o PSC, no Congresso Nacional??. E qualquer semelhança com um irmão dedurando o outro para a mãe depois de uma briga não é mera coincidência. O partido de Dilma, o PT, indicou para a aliança em torno da eleição de Gustavo Fruet (PDT) nada mais, nada menos que o nome da candidata a vice-prefeita, a advogada trabalhista Mírian Gonçalves, o que por si só seria motivo suficiente para trazer a presidenta ao palanque do candidato pedetista. O PDT é outro grande aliado no comando da Nação e partido-berço da militância política de Dilma Rousseff no enfrentamento da violência real e das atrocidades da ditadura militar. Chega a ser um insulto sugerir, mesmo que em “conselho amigo”, de quem em sua propaganda demonstra a admiração pelo governo petista no comando do país, que a presidenta não frequente o palanque da aliança PDT-PT-PV em Curitiba e passe o mais distante possível dele. Ela pertence ao lado de lá do “alambrado” e não é o contrário.
Embora negue até a morte, no melhor estilo de marido pulador de cerca, que não fará da campanha à Prefeitura um programa de auditório, Ratinho Jr que já escalou o pai, o apresentador Carlos Massa, desde o primeiro turno como principal cabo eleitoral de sua popularização, o que não tem problema nenhum, pode contar com a presença do patrão de Ratinho Pai, o apresentador Sílvio Santos, como portador das chaves da “Porta da Esperança” no alto do seu palanque. O candidato diz que se trata de intriga de blogs, mas o bafon é fortíssimo. Sílvio Santos, o filho do pai, só não pode sair por aí gritando “Quem Quer Dinheiro?” ou anunciando um tal de “Show do Milhão”, que isso configuraria crime eleitoral. Se a vinda dele se efetivar, isso sim alimentaria um bom debate no Tribunal Superior Eleitoral – TSE – sobre a presença dos artistas e celebridades que não possuam parentesco direto com os candidatos nos palanques. Afinal, a proibição de showmícios foi instituída sobre essa mesma base de questionamento da banalização da eleição como espetáculo, quando se trata de uma definição séria e responsável sobre o futuro da gestão pública na cidade. Medo dessa participação especial a coligação de Fruet não tem. Na disputa dos pais, Gustavo conta com a lembrança ainda muito viva do governo eficiente e de diálogo de Maurício Fruet em Curitiba.
A população curitibana é que vai dizer nas urnas se esse tipo de apelo funciona ou não e se a confusão de papéis que muitas vezes percebe-se nas eleições proporcionais vale para o Poder Executivo também. Em São Paulo, os paulistanos já deram um sonoro chega-pra-lá no primeiro turno no candidato do apelo midiático e demonstraram maturidade política na hora do “vamos ver” das urnas, deixando claro que uma coisa é a diversão e o entretenimento da televisão e outra bem diferente é a escolha de quem vai governar e tomar as decisões pela coletividade nos próximos quatro anos. Quem vai responder pela prestação dos serviços na creche do filho, nas escolas municipais, no posto de saúde, nas ações de prevenção para melhorar a segurança pública e na orientação do trânsito na cidade entre outras questões. Mais do que aplausos, agora é hora de decidir na consciência do voto e na afirmação da participação cidadã. E é bom lembrar que a população curitibana já deu um sonoro recado em favor da mudança e da responsabilidade quando escanteou e tirou da disputa do segundo turno o grupo político atrasado e que demonstrou alto grau de ineficiência administrativa. Graças a isso, foi possível elevar o nível da discussão política na capital do Paraná.
Por THEA TAVARES