ALIMENTOS VOLTAM A SUBIR… E O SALÁRIO ???

O governo tenta convencer os investidores de que a inflação, principal motivo para a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff em oito pontos percentuais, está sob controle, assim como os preços dos alimentos. Os números, contudo, contradizem os esforços. As declarações otimistas do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, ontem, durante apresentação do balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), esbarrou nos resultados negativos da inflação medida na primeira semana de junho.
Holland buscou minimizar as críticas do mercado à política econômica e a reação dos eleitores ao afirmar que a economia está em expansão e que o investimento está crescendo de forma “sustentável” e melhor do que no ano passado. O discurso foi atropelado pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S). Apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e divulgado ontem, o indicador aponta alta de 0,48% na primeira semana de junho, puxado justamente pelos preços dos alimentos, que tiveram aumento de 0,65%, ante elevação de 0,36% na semana anterior.
O mercado não encara o quadro com o otimismo de Holland. Pelo contrário, o relatório de mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), segue refletindo um pessimismo crescente a cada semana. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano apresentou o quarto recuo consecutivo, passando de 2,77% para 2,53%. O crescimento projetado para 2014 também foi reduzido: de 3,4% para 3,2%. Para compor o chamado Boletim Focus, o BC consulta mais de 100 instituições financeiras.
A projeção para a alta de preços manteve-se em 5,8%, em 2013 e 2014. Completa o cenário negativo a redução pelo mercado da expectativa sobre a balança comercial de US$ 8,30 bilhões para US$ 7,35 bilhões, em 2013. A taxa Selic, hoje em 8%, deverá fechar o ano em 8,5%, e 2014 em 8,75%, segundo projeções do mercado. A aposentada Leila Carvalho, 54 anos, também considera os preços dos alimentos abusivos. “No ano passado, eu comprava o quilo da cebola por R$ 1,99. Agora, custa pelo menos R$ 2,49”, disse. Acostumada a comer frutas, Leila chegou a trocar o mamão papaya pelo mamão formosa na tentativa de contornar a alta dos preços.
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