O estatuto revelou uma realidade até então invisível: a violência. Por isso mesmo, o Disque 100, há dois anos, passou a atender denúncias de violações de direitos de idosos. “Nesse período, já recebemos 50 mil denúncias. A maioria refere-se à negligência, violência psicológica e abuso financeiro”, descreve Maria do Rosário Nunes, ministra-chefe Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. “Nosso desafio é articular uma rede de proteção, criando e fortalecendo delegacias do idoso, Centros de Referência em Direitos Humanos e Assistência Social e, principalmente, os conselhos de direitos”, completa a ministra.
Dentre as violações ao estatuto, a mais difícil de ser identificada e, portanto, denunciada, é o abuso financeiro, que geralmente ocorre quando familiares utilizam o benefício do aposentado para outras coisas que não o bem-estar de quem recebe o dinheiro. Outra forma de abuso seria manipular o idoso a pedir um empréstimo consignado para atender a necessidades que não são suas, deixando-o apenas com a dívida. Especialistas desconfiam boa parte dos empréstimos consignados sejam feitos para uso de outras pessoas que não o aposentado.
VIDA LONGA – Segundo o IBGE, a longevidade média cresceu de 62,5 anos em 1980 para 74,8 anos em 2013. Mais de 23 milhões de brasileiros têm mais de 65 anos. Só no Grande ABC, de acordo com o Censo 2010, são 279.230 maiores de 60 anos. Em 2050, a perspectiva é de que teremos mais idosos do que jovens com idade inferior a 15 anos. “Este é um quadro extremamente desafiador. O grande investimento que temos feito para inclusão social e econômica está sintonizado com a necessária qualificação dos serviços públicos para atender a uma população tão diversa e que rapidamente muda seu perfil”, diz Maria do Rosário.
Para o diretor de política social da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antonio Rodrigues, a celebração pelas conquistas do passado acaba sendo eclipsada pelas lutas que estão sendo travadas no presente. “É um absurdo que o reajuste dos benefícios dos aposentados seja feito por um índice diferente, menor, do que o aplicado para o salário-mínimo de quem está na ativa”, reclama. “Conforme os anos vão passando, a situação só piora. Assim, a aposentadoria, em vez de ser um prêmio, se torna um martírio, porque a pessoa não consegue dar conta das suas necessidades”, diz Rodrigues, que estima que atualmente cerca de 30% da renda dos aposentados se destine à compra de remédios. “Com o descompasso entre os reajustes, em breve 50% irão para medicamentos.”
Para discutir essa e outras questões os aposentados vão hoje para Brasília protestar e chamar a atenção de políticos para a sua pauta de reivindicações. A expectativa é de que mais de 1.000 aposentados de todo País desembarquem hoje no Planalto Central. Do Grande ABC, serão pelo menos 30 militantes.
Fonte: O Diário