DESABAFO DE UM EX-PETISTA… FOMOS FORÇADOS A FAZER ALIANÇA COM A BANDA PODRE DA POLÍTICA

Vendo a prisão dos “mensaleiros”, volta à minha memória como as coisas começaram. Em 2002 eu era presidente do Diretório Municipal do PT de Foz do Iguaçu e até então acreditávamos que a prática de decidir o futuro do partido seria sempre de maneira ascendente, ou seja, da base para a cúpula. Naquele ano realizamos o nosso encontro municipal e tiramos os delegados que nos representariam no encontro estadual em Curitiba. Eu fui um deles, e partilhava com os demais do orgulho de pertencer a um partido no qual éramos ouvidos e respeitados. 
Qual não foi a nossa decepção quando, no início dos trabalhos do encontro estadual, realizado no teatro Fernanda Montenegro, no Batel, escutamos o todo poderoso José Dirceu, referendado entusiasticamente por Samek, Gleisi, Vanhoni, André Vargas e outros, dizer que o jogo mudara. Que as bases não seriam respeitadas e que a cúpula nacional do PT (presidido por José Genoíno) decidira que teríamos que fazer aliança com a banda mais podre da política nacional, como o PL (do Valdemar Costa Neto), do PTB (do Roberto Jeferson, que tinha sido homem proeminente no governo Collor) e outros. 
Apesar da decepção ter sido enorme, acatamos o posicionamento, pois nosso sonho era ver Lula presidente, já que acreditávamos que ele iria mudar as práticas políticas do país quando no poder. Não saia da nossa memória a frase de Lula, quando não disputou a reeleição para deputado federal por descobrir que havia “mais de 300 picaretas naquela casa de leis”. Ao mesmo tempo, saber que teríamos que subir em palanques com vários dos 300 picaretas nos deixava com um travo amargo na boca. Ganhamos a eleição e aqui em Foz tive o orgulho de participar da maior votação que Lula teve no segundo turno contra Serra no Paraná: 77%.
Quando Samek foi nomeado para a Itaipu achávamos que o PT local receberia um grande impulso por parte dele, o que não aconteceu. Aliás, nos dez anos que ele vem dirigindo a Binacional, o PT só elegeu o prefeito de Guaira, entre os municípios lindeiros. A construção partidária a partir da base, que sempre foi a marca do partido, passou ao largo das posturas de Samek, Gleisi e André Vargas. Aprenderam que era mais fácil fazer alianças com outros partidos, independentemente do que representavam. Me desfiliei da sigla em 2006, quando aprontaram aquela sacanagem com o Francenildo, o caseiro da mansão do Palocci. que teve a coragem de contar as falcatruas que presenciava e que eram cometidas pela República de Ribeirão Preto. 
Em meu pedido de desfiliação, dirigido à então presidente da sigla em Foz, Andréia Strassburger, disse que não poderia permanecer em um partido de trabalhadores que permitia que se fizesse tamanha sacanagem com um trabalhador que foi corajoso e ético.
Passei por outro partido socialista, o PSOL, porém hoje estou sem estar filiado a nenhuma sigla, pois desisti da militância partidária. Continuo militando no “partido da saúde”, a área em que atuo. Apesar de ver Dirceu, Genoíno e outros que contribuiram para a minha decepção atrás das grades, não sinto alegria por este fato. Sinto muita tristeza, pois eles ajudaram muita gente a perder a utopia de viver em uma sociedade mais ética. O cinismo que carregam em suas almas, que os faz afirmar que não fizeram nada de errado, é a mais nova agressão ao povo brasileiro, principalmente para nós, que demos parte de nossa vida para a construção do Partido dos Trabalhadores. Eles atrasaram a busca por um Brasil melhor em muitas décadas, e vai ser difícil para nossa geração de mais velhos ver a mudança pela qual lutamos tanto. Que o tempo que irão passar na prisão sirva para que pelo menos eles reflitam sobre o quanto causaram de prejuízo para esta nação. Que Deus tenha piedade de suas almas.
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