O coordenador técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, criticou a organização das autoridades brasileiras para a Copa do Mundo, principalmente no que diz respeito às obras de infraestrutura urbana nas cidades-sede. Em entrevista a CBN, Parreira fez duras críticas ao fato de a concessão dos principais aeroportos brasileiros para a iniciativa privada ter acontecido pouco tempo antes da realização do Mundial. “A gente queria tudo para a Copa, mas para a Copa foi um descaso total. Vejo que os aeroportos vão ser licitados a partir de março, três meses antes. É uma brincadeira, fomos indicados há sete anos e só agora vão licitar os aeroportos?”
Parreira também lamentou o fato de que muitas obras projetadas para a competição sairão do papel anos depois de o país ter sediado o Mundial. “A gente perdeu uma oportunidade de dar conforto e mostrar um Brasil diferente”, afirmou.
PPS vai denunciar Chioro na Saúde
O PPS já está com ação preparada para questionar a virtual nomeação de Arthur Chiro, pela presidente Dilma Rousseff (PT), no Ministério da Saúde. O PPS vai apresentar denúncia na Comissão de Ética da Presidência, anunciou o líder do partido na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR). “Nunca antes na história deste país um ministro terá sido denunciado em tão pouco tempo após sua posse”, disse Bueno.
“Chioro prepara uma fraude para burlar a caracterização de conflito de interesses, que fere o código de conduta da alta administração federal”, disse Bueno. O deputado se refere à transferência das cotas de Chioro – que atualmente é secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP) – na empresa de consultoria Consaúde à mulher dele, Roseli Regis dos Reis. “É evidente que o secretário continua parte interessada na empresa, e essa transferência só é admissível no conceito torto de ética petista”, disse o líder do PPS. Para ele, a posição de Chioro – de dono de 99% da Consaúde – “era tão incompatível com seu cargo na prefeitura que ele tomou a decisão de transferir as cotas porque a legislação federal proíbe que agentes públicos se mantenham à frente de empresas privadas”.
Fruet faz operação de Guerra para terminar Arena, mas promete guerra aos protestos pela redução da tarifa
Em entrevista à rádio CBN, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) disse que vai começar uma verdadeira “operação de guerra” para finalizar as obras da Arena da Baixada, mas não disse como. “O estádio tem que estar pronto”, No outro flanco, Fruet já determinou a guarda municipal agir com rigor nos protestos contra a Copa e, principalmente, nas manifestações pela redução da tarifa de ônibus em Curitiba. O primeiro protesto já tem data marcada: 20 de fevereiro. Justamento no dia em que o estádio deve ficar com maior parte das obras concluídas.
Custo dos estádios da Copa passará dos R$ 8,9 bilhões
O custo dos estádios para a Copa do Mundo já supera em mais de três vezes o valor informado pela CBF à Fifa quando o Brasil apresentou seu projeto para sediar o Mundial. Cópia do primeiro levantamento técnico da Fifa sobre o País, fechado em 30 de outubro de 2007 e obtido pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, informava que as arenas custariam US$ 1,1 bilhão, cerca de R$ 2,6 bilhões. A última estimativa oficial, porém, dá conta de que o valor chegará a R$ 8,9 bilhões.
O informe foi produzido e assinado por Hugo Salcedo, que coordenou a primeira inspeção no País entre agosto e setembro de 2007. Na época, a Fifa considerou que o orçamento havia sido “bem preparado” e que “não havia dúvidas” sobre o compromisso do Brasil de atender às exigências da entidade.
“A CBF atualmente estima que os investimentos relacionados com a construção e reformas de estádios estão em US$ 1,1 bilhão”, escreveu a Fifa em seu informe. Curiosamente, a entidade esteve em apenas cinco das 18 cidades que naquele momento brigavam para receber a Copa. Das que acabariam escolhidas, não foram visitadas Fortaleza, Recife, Salvador, Natal, Curitiba, Cuiabá e Manaus.
A Fifa, já na época, não disfarçava que o trabalho de reforma e construção dos estádios seria um desafio. “Os padrões e exigências da Fifa vão superar em muito qualquer outro evento realizado na história do Brasil em termos de magnitude e complexidade. Nenhum dos estádios no Brasil estaria em condições de receber um jogo da Copa nos atuais estados”, alertou em 2007. “A Fifa deve prestar uma especial atenção nos projetos.”
O time de inspeção ainda fez um alerta sobre o Maracanã. “Não atende às exigências. Um projeto de renovação mais amplo teria de ser avaliado.”
AEROPORTOS – O relatório elaborado antes de o Brasil ganhar o direito de sediar a Copa é, hoje, verdadeira coleção de promessas quebradas e avaliações duvidosas. “A infraestrutura de transporte aéreo e urbano poderia atender de forma confortável as demandas da Copa”, indicou. “O time de inspeção pode confirmar com confiança que a infraestrutura de aeroportos poderia atender a um grande número de passageiros indo a jogos em viagens de ida e volta no mesmo dia.”
O transporte urbano também seria “suficiente” e a Fifa garantia, em 2007, que um “serviço de trem de alta velocidade vai ligar Rio e São Paulo”. Considerava a infraestrutura hoteleira “suficiente” e, ao avaliar o sistema de saúde do País, fez elogios aos hospitais, apontados como “referência internacional”. A referência, porém, não foram os hospitais públicos.
Jamil Chade Agência Estado