Deputados paranaenses vão à Argentina para conhecer os efeitos do fracking na exploração do xisto‏

Membros da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa participaram nesta terça-feira (27) de uma reunião com representantes da Coalizão Não Fracking Brasil (COESUS) e com a 350.org Brasil com o objetivo de conhecer e levantar informações sobre o real impacto ambiental, social e econômico da exploração de gás de xisto  através do fraturamento hidráulico ou fracking, tecnologia usada para esse fim. O método é considerado altamente poluente, capaz de provocar a contaminação da água, do solo e do ar, eliminando a biodiversidade e impedindo a produção e o desenvolvimento agrícola.

O grupo será recebido no Congresso Federal argentino pelo senador Fernando Solanos, uma das principais vozes daquele país no combate ao método, e participará de várias reuniões, juntamente com representantes do Uruguai e do Chile, para tratar do assunto e da criação de uma Frente Parlamentar ou Fórum da América Latina contra o fracking. A missão paranaense será integrada pelos deputados Rasca Rodrigues (PV), autor de duas proposições que tramitam no Legislativo estadual disciplinando o tema, Márcio Nunes (PSC), Schiavinato (PP) e Fernando Scanavaca (PDT). Na segunda etapa da missão, entre os dias 5 e 7, os deputados visitarão as províncias de Neuquén e Rio Negro, onde já há exploração e produção de gás natural pelo método. Em Neuquén, além da visita aos poços perfurados, os deputados se reunirão com lideranças indígenas mapuches que foram afetadas pelo fraturamento na cidade de Añelo, e com agricultores.

Leilão – Em novembro de 2013 a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) leiloou blocos para a exploração de gás no Paraná. A medida atinge 123 municípios localizados nas regiões Oeste, Sudoeste e Noroeste. A 1ª Vara Federal de Cascavel, porém, cassou os efeitos do leilão.

O professor e engenheiro Juliano Bueno de Araújo, coordenador do COESUS, e Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil, explicaram aos deputados como o fracking funciona, com a adição de 600 produtos tóxicos e poluentes à água para fraturar a rocha do folhelo de xisto. Após sua aplicação, milhões de litros de água contaminada chegam às reservas subterrâneas, o que, no Paraná, poderia comprometer até o Aquífero Guarani. Cada poço de fracking utiliza de 7 a 15 milhões de litros de água, que deixam de ser usados para a agricultura. Além disso, os resíduos tóxicos causam danos à saúde das pessoas, como diversos tipos de câncer, infertilidade nas mulheres e malformação congênita, e o gás metano liberado causa poluição atmosférica, contribuindo para o efeito estufa e aquecimento global.

Segundo o engenheiro, a utilização da tecnologia ainda está em fase de pesquisa no estado, prevista para ser utilizada em 2017. No Brasil, 15 estados e 378 cidades estão na mira da ANP para exploração do xisto, em que pese a existência de estudos desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pela Universidade de São Paulo (USP) apontando a inexistência de condições geológicas para a exploração do mineral no Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo.

Fonte: Assembleia Legislativa do Paraná
Foto: Pedro de Oliveira/Alep

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