ANP faz novos testes no Norte do Paraná em busca de gás e petróleo‏

Ivan de Colombo

A exemplo dos testes sísmicos realizados no final do ano passado na região de Londrina, agora a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) irá buscar gás e petróleo em Ribeirão Claro e cidades da região do Norte Pioneiro. Os testes começam nesta sexta-feira, 27, e vão até outubro. A operação será realizada com caminhões que emitem vibrações captadas por sensores instalados às margens das rodovias PR 431, 218, 092 e 517.


Ribeirão Claro tem como fronteira natural o Rio Paranapanema, na divisa com Chavantes, no Estado de São Paulo.  É uma região panorâmica com montanhas e colinas cobertas de vegetação remanescente da Mata Atlântica.

De acordo com informações divulgadas pelo site Massa News, desta vez a empresa contratada pela ANP, a Global Serviços Geofísicos, admite que o equipamento de 29 toneladas provoca ‘pequenos tremores em áreas próximas’ às rodovias pelas quais percorrerá e os resultados são registrados para análise posterior.

Não foi o que seu viu em dezembro de 2015, quando a ANP realizou testes idênticos na região de Londrina. Uma série de tremores de até 1,9 graus foram registrados na região Norte. Centenas de moradores ficaram assustados com as misteriosas rachaduras que apareceram em vários bairros de Londrina, além de municípios da região metropolitana, como Arapongas (foto), Cambé e Rolândia. A Defesa Civil informou na época que, somente em uma semana, recebeu cerca de 400 pedidos de vistoria em casas afetadas em Londrina. Muitas foram condenadas e tiveram que ser demolidas.

“Mais uma vez a ANP age de forma sorrateira, avisando às vésperas de testes exploratórios desta natureza sem oferecer detalhes com antecedência e transparência à população sobre os riscos de se fazer a exploração de gás de xisto pelo fraturamento hidráulico (FRACKING)”, alerta o fundador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil e pela Sustentabilidade, Eng. Dr. Juliano Bueno de Araujo.  Junto com a 350.org Brasil e parceiros, a COESUS realiza a campanha Não Fracking Brasil desde 2013 para alertar sobre a ameaça do Fracking para o futuro do Brasil.

Há o temor que numa próxima rodada de leilões da ANP sejam ofertados blocos para exploração de gás de xisto (folhelho pirobetuminoso) que irão atingir 172 cidades do Paraná. Em 2013, o governo brasileiro vendeu blocos para a exploração em 122 cidades localizadas entre o Noroeste, desde Umuarama, Oeste, passando por Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu, até o Centro do estado na região de Guarapuava. Caso se confirme, dos 399 municípios, o Paraná poderá ter mais de 2/3 do território contaminado pelo FRACKING.

“A insistência da ANP em destruir a agricultura do Paraná e em contaminar nossa água me remete aos tempos medievais, onde o interesse da população em nada era respeitado. Milhões de Paranaenses já disseram não às técnicas de exploração de gás e óleo não convencionais, em especial aos que usam a técnica conhecida como FRACKING. É uma insanidade insistir no gás da morte”, lamenta. Agora em maio, a cidade de Umuarama foi considerada território live do Fracking ao aprovar legislação proibindo operações para exploração de gás de xisto.

O que é Fracking

FRACKING é o método não convencional altamente poluente para exploração de petróleo e gás de xisto (shale gas) que o governo brasileiro quer implantar no Brasil, sem nenhuma consulta à sociedade, aos prefeitos e vereadores, integrantes dos movimentos social e ambientalista, povos indígenas ou comunidades tradicionais.

No processo são injetados milhões de litros de água, toneladas de areia e um coquetel com mais de 600 produtos químicos para fraturar a rocha e liberar o gás metano. Muitos destes produtos são tóxicos, cancerígenos, radioativos. Parte do fluído volta à superfície pela tubulação e chega às areias de rejeito; outra parte fica no subsolo e percola (sobe) através de micro fraturas da rocha até à superfície e também atinge os aquíferos e lençóis freáticos, contaminando o solo e o ar junto com o metano liberado.

Pelo menos 372 cidades em 15 estados brasileiros podem ser impactadas pela exploração pelo métodoFRACKING, isto porque a ANP já vendeu blocos em várias rodadas de licitações. Destes 15 Estados, o Ministério Público Federal, sensibilizado pela COESUS e parceiros sobre os riscos ambientais, econômicos e sociais, conseguiu suspender liminarmente os efeitos dos leilões em seis totalmente, e um parcialmente. “Os demais estados estão à mercê do FRACKING, infelizmente”.

A contaminação se dá num raio de até 80 quilômetros de cada poço perfurado, provocando um rastro de destruição nas cidades vizinhas, poluindo as reservas de água, inviabilizando a produção de alimentos e causando câncer nas pessoas e animais. Fracking também está relacionado à ocorrência de terremotos e intensifica as mudanças climáticas.

Assessoria de Imprensa a 350.org Brasil e América Latina e COESUS

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