A dura realidade de um “ser” idoso

Ivan de Colombo

A passagem do tempo é inexorável, e a idade chega para todos, sem exceção. É um ciclo da vida que muitas vezes nos confronta com desafios dolorosos e realidades difíceis de encarar. Entre essas dificuldades, uma das mais amargas é a falta de respeito e cuidado para com os mais velhos, especialmente por parte da família.

A juventude, por sua própria natureza, muitas vezes carrega consigo uma dose de arrogância. O ímpeto da juventude é compreensível, mas quando se transforma em desrespeito e negligência para com os mais velhos, torna-se uma ferida na sociedade. Os jovens frequentemente se consideram detentores do conhecimento e da sabedoria, e não raro desdenham das experiências e conselhos dos mais velhos. Acreditam que os pais e avós estão desatualizados, ultrapassados, e assim os tratam.

É uma triste realidade vermos os idosos sendo deixados de lado, não apenas emocionalmente, mas também fisicamente. Muitos são relegados a asilos, afastados do convívio familiar, esquecidos em suas próprias casas, abandonados à solidão. O contato com os filhos e netos se torna escasso, às vezes inexistente. É como se sua presença se tornasse incômoda, suas necessidades ignoradas, seus sentimentos desprezados.

O abandono dos idosos não se limita apenas ao aspecto emocional. Muitos são vítimas de abuso financeiro, explorados por aqueles em quem confiaram a vida inteira. Seus recursos são dissipados sem seu consentimento, suas economias desviadas, e tudo isso enquanto sofrem em silêncio, sem ter a quem recorrer. É uma traição cruel da confiança e do amor que depositaram em suas próprias famílias.

Muitas vezes, os pais idosos, principalmente os viúvos, sofrem calados as ofensas de filhos, filhas e até de netos e netas. Ficam em silêncio porque o amor é maior que a arrogância de quem os está ofendendo. Seus olhos já estão embaciados, a audição comprometida e os passos silenciosos. Tudo isso são efeitos da natureza humana que causa desrespeito dos mais novos. Assim como um dia nascemos, um dia iremos morrer, depois não adianta lamentar e chorar.

A idade entre 75 e 90 anos, período onde o idoso  busca apenas viver em  paz,  está longe de ser um período de tranquilidade merecida, muitas vezes se transforma em uma provação dolorosa e de conflitos. O corpo enfraquece, as doenças surgem, as dores se intensificam, e o descaso pesa como uma âncora na alma. É um momento em que deveriam ser cercados de carinho, respeito e cuidado, mas muitas vezes encontram apenas indiferença, conflitos e solidão.

É urgente que a sociedade reflita sobre essa situação e tome medidas para mudá-la. Devemos valorizar e respeitar nossos idosos, reconhecendo o papel fundamental que desempenharam e continuam a desempenhar em nossas vidas. Devemos aprender com suas experiências, honrar suas histórias e garantir que desfrutem de uma velhice digna, cercados pelo amor e pelo apoio da família e da comunidade. Somente assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa e solidária, onde a idade não seja sinônimo de abandono e sofrimento, mas sim de respeito e cuidado mútuo.

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