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Em julho, Valério já havia assinado um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal. A delação ainda aguarda homologação no STF (Supremo Tribunal Federal), que precisa julgar antes se a PF pode celebrar esse tipo de acordo.
Marcos Valério cumpre pena de 37 anos e cinco meses de prisão por participação no mensalão do PT.
O delegado-geral Rodrigo Bossi, do Departamento Estadual de Investigação de Fraudes, chegou a convocar uma entrevista coletiva para tratar do novo acordo, mas suspendeu em seguida.
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Segundo a Polícia Civil, a delação não trata de matérias de interesse da União ou de pessoas com prerrogativa de foro, o que seriam atribuições da PF, mas revela escândalos de corrupção em empresas estatais e licitações, como a da Cidade Administrativa, construída no governo Aécio Neves (PSDB).
A Polícia Civil acompanhou os depoimentos de Valério à Polícia Federal e já havia retomado investigações sobre fatos narrados pelo publicitário com base em documentos apresentados pelo lobista Nilton Monteiro, cuja autenticidade é questionada em perícias.
No entanto, a investigação, segundo a Polícia Civil, apontou indícios de veracidade na declaração do lobista de que uma organização agiu em Minas Gerais para acobertar acusações de corrupção ligadas ao mensalão tucano.
Em documento enviado à Justiça no mês passado, Bossi afirma: “a referida organização […] teria praticado, justamente, o extravio de autos processuais e inquéritos policiais, de peças processuais, além de falsas perícias, documentos e depoimentos”.
Antes de fechar o acordo de delação com a Polícia Federal e a Polícia Civil, Valério teve as tratativas rejeitadas pelo Ministério Público.
O advogado Fáber Campos, que conduz a colaboração com a PF, não participou do novo acordo com a Polícia Civil, levado a cabo pelo advogado Jean Kobayashi Júnior. Além de ampliar a divisão na defesa do publicitário, a delação desagradou à PF.
Em nota, o PSDB afirmou que protocolou uma petição no Ministério Público de Minas Gerais para que sejam investigadas as notícias de que Valério teria negociado delação com a Polícia Civil.De acordo com a nota, caso se confirme a delação, ficará provado que Valério está mentindo e deveria perder eventuais benefícios acordados.
“O partido alega que Valério está associado ao governo do PT para perseguir adversários políticos, e lembra que a proposta de delação premiada de Valério foi recusada pela PGR [Procuradoria-Geral da República] e pelo MPMG [Ministério Público de Minas Gerais] pela falta de credibilidade das informações e do próprio delator”, afirma o texto. Com informações da Folhapress.